Este é um subtítulo do primeiro capítulo da Encíclica Fratelli Tutti
(“Irmãos todos”) do Papa Francisco, que nos alerta sobre as “sombras de um
mundo fechado”. Dentre vários temas abordados neste capítulo está a questão
das migrações que, segundo o Papa, “[...] constituirão uma pedra angular no
futuro do mundo”, pois cada vez mais as pessoas têm migrado por motivos de
guerras, perseguições ou catástrofes naturais. E, por outro lado, cresce no
mundo uma mentalidade xenofóbica, que é uma desconfiança, medo ou antipatia
contra “aqueles que vem de fora” ou como escutamos: “não são dos nossos”. Estes
sentimentos são muitas vezes “alimentados” com finalidade política em uma
tentativa de afirmação da identidade nacional. Quando mais cresce o
nacionalismo, mais perdemos a noção de humanidade.
O mundo está num processo de fechamento; alguns, mais pessimistas, dizem
que a globalização está com os dias contados. Tudo isso foi agravado com a
pandemia. E quando o fechamento impera e não acontece o intercâmbio cultural,
tudo empobrece. Aumentam também as desigualdades e a impossibilidade de
acolhimento dos imigrantes. Vemos isso acontecer na Europa, mas também notamos
estas atitudes xenofóbicas entre nós, já que a nossa região (onde está inserida
nossa Diocese de Montenegro) recebeu recentemente imigrantes haitianos. Como
estas famílias são acolhidas em nossa sociedade? A liturgia deste final Domingo
nos faz pensar sobre isso.
A Leitura do Êxodo (22, 20-26) inicia assim: “Assim diz o Senhor: Não
oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do
Egito”. Com isso a palavra de Deus nos chama a uma fraternidade universal,
que também é o desejo do Papa Francisco com esta nova Encíclica. O Povo de Deus foi estrangeiro e, pela fé,
sabemos que somos estrangeiros neste mundo a caminho da pátria definitiva: o
céu. Não somos estranhos, mas irmãos. Não tenhamos medo de colocar em prática o
mandamento do Senhor no Evangelho: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Mt 22, 39), criando uma verdadeira cultura do encontro e da acolhida. O
testemunho da nossa fé nestes tempos passa pela defesa da “dignidade
inalienável de toda a pessoa humana, independentemente da sua origem, cor ou
religião, e lei suprema do amor fraterno” (Fratelli Tutti).
Pe. João Vítor
Freitas dos Santos
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