O tempo que estamos vivendo está nos fazendo e ainda nos fará pensar e refletir muitas situações da vida, da fé, das relações. E refletir sobre como a Palavra alimenta a nossa fé e a fé daqueles que participam da Liturgia em nossas comunidades também é importante!
Antes de ajudar na resposta, uma impressão que me ocorre: que bom que as pessoas estão sentindo falta da Comunhão, neste tempo em que estamos privados de ir à Missa. É um excelente sinal! Não é bom ter que ficar sem a Eucaristia, mas é salutar perceber que ela é importante em nossa vida!
Mas, o que é a Eucaristia? Jesus Cristo instituiu a Eucaristia no momento maior de “crise” de sua vida – um dia antes da sua morte na cruz. Ele, que ao longo da vida participou e promoveu diversas refeições, decidiu que sua memória, sua presença, seus dons se perpetuariam entre nós através de uma refeição ritual, uma celebração. “Reúnam-se, recordem o que eu fiz, abençoem o pão, abençoem o vinho e os repartam entre vocês. O pão que vou dar é meu corpo entregue; e o vinho é meu sangue derramado. Quando fizerem isso, estarão anunciando ao mundo minha morte, proclamando a minha ressurreição e aguardando minha vinda gloriosa!” Em palavras informais, isto é a Eucaristia.
Ora, há uma conclusão importante a partir daí: a celebração eucarística supõe encontro de pessoas que creem, escuta da Palavra de Deus (memória das ações de Deus) e ação de graças, presidida por um ministro ordenado (padre ou bispo). Neste tempo de crise que vivemos, estamos impedidos de nos reunir. Ora, reunir-se com a comunidade é o primeiro requisito da nossa participação na celebração eucarística.
Quando eu assisto a missa pela TV, pela Internet ou a ouço pelo rádio, até posso estar sintonizado ou conectado, mas não estou lá, não posso comer daquele Pão e nem beber daquele Vinho, que são o Corpo e o Sangue de Jesus. Assistir à missa pode ajudar-me a rezar, mas não é plena participação na Eucaristia.
Então, como fazer nesse período? Podemos descobrir – ou, então, valorizar – um alimento que está diretamente ligado ao alimento da Eucaristia: a Palavra de Deus.
Bento XVI, na Exortação Apóstólica Pós-Sinodal Verbum Domini (VD), afirma: “Na origem da sacramentalidade da Palavra de Deus, está precisamente o mistério da encarnação: ‘o Verbo [a Palavra] fez-Se carne’ (Jo 1,14)”. Bento XVI afirma que a Palavra de Deus é sacramento. Não é um dos sete sacramentos, porém, sem ela, não se celebra nenhum dos sacramentos. Sem Palavra não há Eucaristia.
São Jerônimo, já nos primeiros séculos do cristianismo, afirmou: “Lemos as Sagradas Escrituras. Eu penso que o Evangelho é o Corpo de Cristo; penso que as santas Escrituras são o seu ensinamento. E quando Ele fala em ‘comer a minha carne e beber o meu sangue’ (Jo 6,53), embora estas palavras se possam entender do Mistério [eucarístico], todavia também a palavra da Escritura, o ensinamento de Deus, é verdadeiramente o Corpo de Cristo e o seu Sangue”. E complementa o Papa Bento: “Realmente presente nas espécies do pão e do vinho, Cristo está presente, de modo análogo, também na Palavra proclamada na liturgia” (VD, 56).
Que riqueza temos aí! Não foram São Jerônimo e o Papa Bento que “inventaram” isso. É verdade de fé da Igreja. Então, meu irmão e minha irmã, neste momento de provação, privados de aproximar-nos da mesa da Eucaristia, que tal renovarmos nosso amor pela mesa da Palavra de Deus? Acredito que tenhas a Bíblia em casa. Procura ali a leitura e o Evangelho de cada dia, especialmente do Domingo. Reza a Palavra. Repete-a. Deixa-a falar à tua vida. Inspira-te nela para apresentar tuas preces. E, tem certeza, não estarás sozinho e desamparado! O Cristo, Palavra de Deus, te alimentará! Quando todos pudermos novamente ir à Missa com naturalidade, a comunhão Eucarística terá sentido ainda maior, pois a Palavra nos alimentou durante o tempo de provação. O título deste texto, que é de Mt 4,4, foi citado por Jesus para defender-se da tentação do diabo. Faz referência a Dt 8,3 e a Sb 16,26. A Palavra é verdadeiro alimento! Creiamos nela e a busquemos diariamente.
Pe. Eduardo Haas, com colaboração da coordenação diocesana da Pastoral Litúrgica.
Fonte: http://www.diocesemontenegro.org.br/formacao/artigos/artigo-nao-so-de-pao-vive-o-homem-mas-de-toda-a-palavra-da-boca-de-deus/?fbclid=IwAR3-WuLlD6i-P7oCQ_wCYPhjjTQG2wWhytpsao15CbAbYjwVhdQiq0W-Esw
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