Música Litúrgica: Que cantos escolher?


Música Litúrgica: Que cantos escolher?

Cada celebração é um acontecimento de salvação, é a graça de Deus que chega a nós pelos ritos sacramentais. Por isso, o ideal é que seja preparada para ser vivenciada e poder produzir nas pessoas o fim a que se destina. Esta preparação inclui a escolha do repertório de cada celebração, tarefa da equipe de liturgia e música, em diálogo com quem preside e com os demais ministros.

Um critério para a escolha de cantos e sua execução, é perceber dentro de qual tempo litúrgico está a celebração que acontece. Se é Quaresma, deve haver moderação nos instrumentos, maior recolhimento, ambiente que ajude a mostrar que estamos nos preparando para algo grande que virá: a Páscoa de Jesus, Páscoa da entrega, da cruz, da morte, da ressurreição. Se é Sexta-feira Santa, não se usam instrumentos musicais. Se forem usados, de preferência apenas o órgão, para dar o tom da música e, no máximo, sustentar o canto. Agora, se é Páscoa da Ressurreição, a alegria e exultação da vida que vence a morte deve aparecer no modo como cantamos. Em tudo, não esqueçamos, sempre estamos numa celebração litúrgica, memorial do Senhor, nunca numa apresentação, teatro ou encontro.

Um segundo critério é olhar para aquilo que a Palavra de Deus a ser proclamada naquela celebração nos diz. Os cantos não podem ser escolhidos ignorando os textos bíblicos. Os textos vão nos conduzindo, e a Palavra encontra força nos cantos que ajudarão a fazer com que ela seja gravada, repetida, aprofundada. A Quaresma é uma grande catequese, o tempo pascal é também um itinerário de seguimento a Jesus Ressuscitado.

Outro critério indispensável é a realidade da assembleia litúrgica. A celebração do Mistério Pascal de Cristo deve dialogar com a realidade da comunidade que está ali celebrando. Suas necessidades, características, potencialidades… tudo deve ser levado em conta. De maneira mais prática, é importante mesclar na escolha do repertório cantos que as pessoas conheçam e cantos que sejam novos para elas. Não inovamos por modismo, nem deixamos de aprender cantos novos com medo do desconhecido. Nós cantamos aquilo que estamos celebrando, o Memorial da Páscoa do Senhor, sempre o mesmo e sempre novo!

Para o Ciclo Pascal de 2021, ano B na liturgia, teremos em mãos um precioso material: o Hinário Litúrgico da Diocese de Montenegro – Ciclo da Páscoa. O hinário diocesano é uma ferramenta colocada à disposição das comunidades. Supõe um caminho de formação a ser feito nas paróquias. Será um belo sinal de unidade se conseguirmos crescer na adesão a ele. Compreendemos que cada comunidade tem seu tempo, e o importante é trilhar um processo de formação e de cuidado com a Liturgia, neste caso, com a Música Litúrgica.

Fundamental é nos darmos conta do valor e função da música litúrgica. Um liturgista espanhol[1], ao comentar as quatro vertentes teológico-litúrgicas da música, ensina que:

“REVESTIMENTO DA PALAVRA: A primeira função da música litúrgica é revestir a Palavra, isto é, dar-lhe expressividade, força comunicativa e matizes, incrementando sua eficácia.

FATOR DE COMUNHÃO NA ASSEMBLEIA: A música na celebração litúrgica é um meio privilegiado para chegar à unidade do espírito que começa quando os fiéis se reúnem num mesmo lugar. A assembleia local dos fiéis faz visível a Igreja (SC 26) e constitui um dos modos ou graus da presença do Senhor (SC 7). (SC: Sacrosanctum Concilium).

A MÚSICA E SUA DIMENSÃO RITUAL-SACRAMENTAL: A música é uma ação ritual, um gesto litúrgico que tem como protagonista a assembleia, mesmo que em determinados momentos a execução material corresponda a uma ou várias pessoas, que podem ser o presidente, os ministros, o salmista, o coro e os músicos restantes. A música pertence, portanto, à dimensão sacramental da liturgia.

UMA MÚSICA DOTADA DE VERDADE E AUTENTICIDADE: Os verdadeiros compositores de música litúrgica, aqueles que conhecem a função ministerial do canto e da música na liturgia são muito dignos de estima e de reconhecimento pelo seu esforço de criar uma música ritual cristã, cujos valores não se medem somente pela capacidade de suscitar emoções, por seu mérito artístico ou pelo êxito popular, mas porque ajudam a manifestar e a realizar a salvação de Deus anunciada e comunicada na Igreja de Jesus Cristo contribuindo, de modo definitivo, para a participação ativa, plena, consciente e frutuosa dos fiéis.”

[1] MARTÍN, J. Lopez. La música litúrgica cien años después de la reforma de San Pio X. In: Phase, Barcelona, 259: 29-43, ene/feb. 2004. Tirado de: FONSECA, Joaquim. Cantando a Missa e o Ofício Divino. São Paulo: Paulus, 2004, p. 90.

 

Por: Pe. Eduardo Luis Haas, coordenador do Setor de Liturgia da Diocese de Montenegro

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