“Joãozão” está de volta ao lar

Talvez muitos nem lembrem mais, mas a antiga imagem de São João Batista que ficava no altar da Igreja Matriz, ainda antes de ser Catedral, estava há cerca de três meses ‘fora de casa’. "Joãozão", como é carinhosamente chamada a imagem, passou por um processo de restauração realizado pela Ars Restaurações, de Salvador do Sul. Completamente tomada por cupins, a imagem em madeira precisava urgentemente de reparos. Na última semana, mais precisamente no dia 26 de setembro, "Joãozão" voltou para a Catedral como se fosse novo. “Estamos estudando junto com o arquiteto Cristiano Fabris onde deixar a imagem no interior da catedral”, destaca o pároco da Catedral, padre Diego Knecht.

Veja como ficou e como estava a imagem de São João Batista

Airton Westhsauser, responsável pela restauração, lembra que se a intervenção não fosse feita logo a imagem seria perdida. Foi necessária aplicação de inseticida para eliminar os cupins e só depois começou o trabalho minucioso de restauro. A imagem foi levada ainda durante as festividades do padroeiro, em junho. Na época, o padre Diego pediu ajuda da comunidade para custear os trabalhos, que chegaram a três mil Reais. E deu certo: foram arrecadados R$ 6.250,00. “Várias pessoas contribuíram. Além de grupos e movimentos da paróquia. O valor obtido a mais será utilizado para colocar o suporte para a imagem e as outras etapas da revitalização da Catedral”, explica o pároco.

A imagem do padroeiro

O "Joãozão" é todo feito em madeira, mede um metro e meio. Há um valor afetivo muito grande por essa imagem, uma vez que esteve por anos no altar ao lado da imagem do Cristo crucificado. Com a reconfiguração do processo de revitalização, a imagem foi pintada junto a cúpula tendo Cristo Rei ao centro e Nossa Senhora à esquerda. A imagem do Cristo crucificado que ficava no local hoje está na Capela da Ressurreição. Já a imagem de São João Batista era exposta em ocasiões festivas, como ao longo de todas as celebrações em memória ao padroeiro.

Ação dos cupins na imagem ficaram ainda mais evidentes com a remoção da tinta

Não se tem informação ao certo de quando essa imagem chegou na Paróquia, mas a primeira representação de São João Batista chegou em 1866, quando ainda nem existia a atual igreja. Aliás, nem a antiga Igreja Matriz estava de pé como Paróquia e uma pequena capelinha de tábuas no local, onde hoje fica a pracinha, recebeu a visita do bispo Sebastião Dias Laranjeira. Vindo de Porto Alegre, dom Sebastião trouxe a primeira imagem de São João Batista para a comunidade. Essa pequena capela de tábuas foi erguida por volta de 1855, por desejo de Tristão Fagundes, proprietário das terras onde hoje se localiza a Catedral e que vai fazer a doação do terreno para a Cúria, à época ainda de Porto Alegre.

Dom Sebastião trouxe a imagem de São João Batista numa grande comitiva para a veneração da população. O religioso atendia a pedidos de famílias de proprietários de terras da região porque estávamos no início da Guerra do Paraguai (que vai dezembro de 1864 a março de 1870). E, numa guerra, quem não vai para o front ora por aqueles que estão em batalha. Muitos homens da região haviam sido recrutados para guerrear sobre o comando de Tenente-coronel Apolinário Pereira de Moraes.