DEUS GOSTA DE FRAQUEZA!

Antes de ler a reflexão, importante meditar a liturgia deste Domingo: 1ª LEITURA – Sb 12,13.16-19; Salmo 85 (86); 2ª LEITURA – Rm 8,26-27 e EVANGELHO – Mt 13,24-43.

Do ponto de vista humano, de nossa lógica, Deus tem “preferencias estranhas”. É difícil compreende-lo a partir de nossos parâmetros de eficiência, produtividade, seleção, concursos, etc. Por exemplo: Qualquer empreendedor quer contratar o melhor funcionário, todos queremos uma consulta com o melhor médico, todos querem a vitória no futebol, melhor emprego, melhor curso, melhores amigos(as), melhor título, etc., ou seja, procuramos o êxito e o melhor em tudo. Gostamos do conforto e até do luxo, das grandes coisas, daquilo que “enche os olhos”. O ser humano sofre então do “complexo de pinscher”. Isso mesmo! Aquele cachorro de 30cm (metade raiva e metade tremedeira) que pensa que pode enfrentar o mundo todo (rsrs), mas que na verdade é pequeno. O ser humano, assim como o pinscher, pensa que é grande, forte, invencível, mas na verdade não é assim.

A partir da revelação em Jesus Cristo passamos a ter consciência de nossa limitação, fraqueza e pecados, que muitas vezes tentamos esconder por causa da arrogância. Usamos máscaras, não estas de pano, mas as máscaras da aparência, da falsa santidade e da grandeza, e isto sim Deus abomina. Não gostamos de admitir nossa pequenez, não está na nossa “lógica”. Mas o Senhor, especialmente na liturgia deste Domingo (16° do Tempo Comum) nos mostra que Ele tem verdadeira afeição às “miudezas”, às pequenas coisas. Por isso, o Reino de Deus, longe de se parecer com os impérios que dominam o mundo, é como uma semente de mostarda (pequeníssima) que um homem semeia no campo, ou como uma mulher que pega o fermento e mistura na farinha até que tudo fique fermentado. O Reino de Deus aqui é humilde, mas presente e atuante.

Já perceberam que Deus, em toda a Escritura, nunca escolheu alguém forte para uma missão? Sempre escolheu pessoas que tinham e reconheciam suas limitações e fraquezas, justamente para que entrassem em sua lógica e manifestassem ao mundo a sabedoria de Deus. Deus gosta de nossa fraqueza, preferiu a nós assim, do jeito que cada um é, apenas precisamos ser verdadeiros e reconhecermos como somos (pertencendo ao Reino, como boa semente) e não caindo na hipocrisia (pertencendo ao maligno, como o joio). No tempo presente, tanto o joio como o trigo crescem juntos, mas chegará o tempo da colheita, quando Deus separará o joio do trigo e instalará seu Reino definitivo. Aqui ficam as perguntas para a meditação: A quem pertencemos? Ao Reino ou ao maligno? A escolha é nossa.

Quando compreendermos que Deus ama nossa humanidade, ensinando ao povo que o “justo deve ser humano” (cf. a primeira leitura), que “o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza” (cf. a segunda leitura), que escolheu homens e mulheres fracos/limitados para transmitir Sua palavra, que não impõe o Seu Reino, mas o semeia com amor nos corações, não teremos medo de reconhecer o que somos. As parábolas do Reino nos ensinam exatamente isto: O Reino é graça, é dom de Deus, só quem é humilde compreenderá. “Quem tem ouvidos, ouça!”

Pe. João Vítor Freitas dos Santos