Quando a gente é pequena ou pequeno, inventa uma
brincadeira e os pais logo dizem: esse vai ser professor; essa vai ser
veterinária, embora essa nunca seja uma verdade estabelecida. Pois na casa dos
Schneider, em Tupandi, as brincadeiras do pequeno Rodrigo eram bem objetivas.
Imitando rituais e se postando diante da família, ele brincava de rezar missas,
pois queria ser padre. “Entretanto, com o passar dos anos, esse sonho foi
ficando de lado. Isso até que participei de um encontro vocacional chamado
Kairós, e esse desejo voltou para minha vida”, recorda.
Hoje, o seminarista Rodrigo durante os estudos
no Seminário Maior São João Batista, em Viamão, é nosso estagiário aqui na
Paróquia Catedral São João Batista. Ele ficara todo ano acompanhando os padres
e desenvolvendo trabalhos pastorais junto à comunidade. Mesmo com a vida
corrida e a necessidade de distanciamento físico, Rodrigo conversou com a
Pascom da Catedral para que conhecêssemos um pouco mais desse jovem e de sua
própria caminhada. “Passamos muito tempo estudando e rezando, entretanto, nossa
vida não se resume a isso. No seminário temos momentos de lazer, de práticas
esportivas, aulas de música, acompanhamento de psicólogo entre outras coisas.
Creio que ser seminarista não nos torna jovens separados e excluídos do tempo e
da sociedade, mas ao contrário, nos abre a novas experiências”, conta.
Rodrigo é um garoto divertido, cheio de vida como um belo jovem de 24 anos. Natural de Tupandi, da Paróquia Cristo Redentor, ele traz muito de sua vida comunitária e diz que isso foi importante para assumir a sua missão. Inclusive, lembra que, ainda quando criança, a vontade de ser padre crescia s medida que acompanhava os padres. “Os padres sempre estavam em festas, à frente da comunidade e comiam bastante churrasco. Essa foi a motivação lá do início da caminhada vocacional. Hoje, o convite a ser padre é um convite a estar à disposição das pessoas e de, também, chorar e se alegrar com cada um”, revela, numa demonstração de amadurecimento.
Rodrigo (ao centro) entre os jovens
Nessa entrevista, Rodrigo fala muito mais sobre
o que é ser seminarista, vocações e sobre como e onde busca Deus. “Por muito
tempo busquei a Deus nas coisas grandiosas da vida. Hoje, busco a Deus nas
coisas simples, no testemunho de tantas pessoas e nos que mais precisam, além
da oração”. Confira os principais trechos da entrevista.
Pascom
Catedral – Fale-nos da sua família e de
sua comunidade.
Rodrigo
Schneider – Sou o filho de Roberto Luiz Schneider e Vera
Deisi Schneider. Tenho uma irmã mais velha chamada Amanda Cristine Schneider,
casada, e um afilhado chamado Lourenço Schneider Arnhold. Tupandi é uma cidade
pequena, de interior, mas cheia de fé.
Rodrigo e seu pequeno afilhado
Pascom – Como surgiu a ideia de entrar para o
seminário? Foi fácil tomar a decisão?
Rodrigo
–
Desde criança tinha o sonho de ser padre e brincava de rezar missa. Entretanto,
com o passar dos anos, esse sonho foi ficando de lado. Isso até que participei
de um encontro vocacional chamado Kairós, e esse desejo voltou para minha vida.
Não foi fácil tomar a decisão, principalmente por que meus pais queriam que eu
ingressasse mais tarde no seminário, e não com 14 anos. Isso foi em 2011, no
primeiro ano do Ensino Médio.
Pascom – Quais foram os maiores desafios nos
primeiros tempos de seminário?
Rodrigo – A saudade de
casa, a mudança de escola e de cidade.
Pascom – Quando se vai para o Seminário Maior,
em Viamão, a rotina muda ainda mais. Que novos desafios apareceram para você?
Rodrigo – Não digo desafios, mas quando vamos para o Seminário Maior, começamos o estudo da Filosofia. Além disso, somos designados a acompanhar uma paróquia, a qual vamos todos os finais de semana, para conhecermos as comunidades de nossa Diocese e para já ingressarmos na vida pastoral da Igreja.
Numa das atividades do seminário, Rodrigo foi o 'cara do som'
Pascom – Conte-nos um pouco sobre o que veio
fazer aqui na Paróquia? Qual a importância dessa fase de estágio para sua
formação?
Rodrigo – No ano de 2021,
comecei a etapa do estágio paroquial. Este estágio é algo novo na formação dos
futuros padres de nossa Diocese. Este ano de estágio é voltado para um
amadurecimento humano, por isso, junto a nossa Paróquia Catedral São João
Batista, vou auxiliar nas pastorais, nos movimentos e acompanhar as
comunidades. Além disso, destaco a convivência com os padres que aqui residem.
Pascom – Muitas pessoas acham que ser
seminarista é passar o tempo estudando e rezando, sob rígidas regras. Mas como
é realmente ser seminarista? Qual é a importância de viverem com os jovens da
sua geração, conectados com a realidade de seu tempo?
Rodrigo
–
Passamos muito tempo estudando e rezando, entretanto, nossa vida não se resume
a isso. No seminário temos momento de lazer, de práticas esportivas, aulas de
música, acompanhamento de psicólogo entre outras coisas. Creio que ser
seminarista não nos torna jovens separados e excluídos do tempo e da sociedade,
mas ao contrário, nos abre a novas experiências e nos insere em diversas
comunidades. Mantemos nossas amizades fora do seminário, e o contato com os
jovens que não estão no seminário nos mostram os desafios que a juventude em
geral possui.
Pascom – Vamos falar um pouco de você, mais da
sua intimidade. Quem é o Rodrigo para você?
Rodrigo
–
O Rodrigo é alguém que, na sua imperfeição, sempre busca o melhor. Sou alguém
que busca crescer. Alguém que está este ano na Paróquia para aprender como ser
um padre para a realidade de nossas comunidades.
Rodrigo durante missão em Rondônia
Pascom – Quais as diferenças daquele Rodrigo lá
do ingresso no seminário para esse que esta concluindo os estudos e que chega na
fase de estágio?
Rodrigo
–
A primeira coisa é a maturidade. Além disso, quando ingressei no seminário, fiz
isso pois via que os padres sempre estavam em festas, à frente da comunidade e
que comiam bastante churrasco. Essa foi a motivação lá do início da caminhada
vocacional. Hoje, o convite a ser padre é um convite a estar a disposição das
pessoas e de, também, chorar e se alegrar com cada um.
Pascom – O que gosta de fazer nos momentos de
lazer?
Rodrigo
–
Nos momentos de lazer gosto de escutar músicas, assistir a séries e filmes, bem
como ler um bom livro.
Pascom – Quem é sua maior fonte de inspiração?
Rodrigo
– Além
da minha família, vocacionalmente falando, a maior fonte de inspiração é o padre
Léo Afonso Staud, pois além de me encaminhar para o seminário, ele me mostra
diariamente que, por maior que sejam as dificuldades, é alguém que ama o “ser
padre”.
Pascom – Qual é o seu sonho de infância?
Rodrigo
–
Um grande sonho era o de ser engenheiro mecânico e físico, mas Deus me chama ao
sacerdócio. Hoje, meu sonho é o de viajar e conhecer o continente asiático.
Pascom
–
Quem é Jesus para você?
Rodrigo
–
Jesus é aquele a quem, diariamente, busco ser discípulo, mas também ao qual
busco me configurar.
Pascom – Onde encontras Deus?
Rodrigo
–
Por muito tempo busquei a Deus nas coisas grandiosas da vida. Hoje, busco a
Deus nas coisas simples, no testemunho de tantas pessoas e nos que mais
precisam, além da oração.
Família de Rodrigo
Pascom – Como podemos viver o Evangelho em nosso
cotidiano?
Rodrigo
–
Creio que, primeiramente, não podemos nos dobrar as vontades do mundo. Enquanto
que o mundo prega o individualismo, devemos buscar os irmãos. Enquanto ele
prega a riqueza, devemos viver a caridade. Além disso, devemos buscar a
santidade, através do testemunho de tantos santos e santas que viveram o
Evangelho.
Pascom – O que você tem a dizer aos jovens de
nossa comunidade sobre vocação.
Rodrigo – Primeiramente, todos nós somos chamados a alguma vocação, seja ela leiga, consagrada ou sacerdotal. O que digo é que os jovens tenham a coragem de assumir a vocação a qual Deus os chama. Em todas elas há desafios, mas a recompensa de uma vocação acertada é uma vida feliz. Por isso, é importante o contato com os padres das comunidades e que cada jovem se pergunte: Senhor, a qual vocação me chamas?
Para Rodrigo, é possível viver o Evangelho nas coisas simples
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