A PALAVRA É VIVA E EFICAZ!


A PALAVRA É VIVA E EFICAZ!

Mosaico de Cristo Pantocrator dentro da catedral de Monreale perto de Palermo, Sicília, Itália

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Cremos na encarnação da Palavra, do Logos, do Verbo de Deus que é Jesus de Nazaré. Podemos dizer que a Sagrada Escritura (junto com a Sagrada Tradição) que herdamos dos tempos apostólicos, dão verdadeiro testemunho, ou seja, transmite de modo escrito ou falado as palavras e ações da Palavra Encarnada. Por isso, não adoramos a Escritura (enquanto livro), não a guardamos em sacrários, etc. mas adoramos a todo o momento o Santíssimo e Diviníssimo Sacramento do altar, que é o Verbo de Deus feito carne. É importante esclarecer isso para superar dicotomias: A mesma palavra que ouvimos nas leituras da Santa Missa é a Palavra que se faz Pão na Eucarística. Não existe competição entre as duas mesas, o ambão e o altar, mas uma perfeita unidade. A Palavra de Deus, portanto, não é um livro ou um conjunto de ensinamentos, mas é uma pessoa: Nosso Senhor Jesus Cristo.


Partindo desta premissa começamos a entender a Liturgia da Palavra deste Domingo (15º do Tempo Comum) que nos faz refletir sobre A Palavra de Deus que é semeada nos corações e deve produzir frutos, como nos é descrito na parábola do semeador (Mt 13, 1-23). Jesus usa uma parábola para expressar esta realidade e fazer com que, de um modo simples, e não menos profundo, se conheça este mistério, isto se não formos de coração insensível (Cf. Mt, 13, 15). Não vamos recontar aqui esta parábola, mas dela podemos extrair algumas realidades importantes para entender como é a ação do Verbo em nossas vidas: O que Deus quer é nos comunicar Sua Vida Divina, nos fazer participantes de Sua natureza, por isso, as sementes lançadas pelo semeador não são meros ensinamentos, frases ou palavras, mas a própria pessoa do semeador, que é Jesus. Deus dá de si mesmo e este dom é sempre fecundo, como nos fala a primeira leitura de Is 55, 10-11.


Mas então, o que impede a ação desta Semente Divina que Deus quer colocar na terra do nosso coração? Justamente é o modo como acolhemos A Palavra. A Semente é perfeita, mas o solo precisa ser trabalhado. Deus age eficazmente em nossa vida, mas nós também precisamos trabalhar nossa humanidade, muitas vezes ferida, fechada, egoísta, sem profundidade, aberta à ação do maligno. É preciso fazer no terreno do nosso coração um verdadeiro “trabalho de adubagem”. Sobre isto nos ensina Santo Isidoro de Servilha, doutor da Igreja (séc. VII): “Ninguém é capaz de aprofundar-se no sentido da Sagrada Escritura se não a lê com assiduidade, conforme está escrito: Ama-a e ela te exaltará, glorificar-te-á quando a abraças. Quanto mais assíduo se é na leitura da Escritura, mais rico é o entendimento que se alcança. É o mesmo que acontece com a terra: quanto mais a cultivamos, mais produz”.


A oração, a leitura assídua da Escritura e comunhão do Verbo Encarnado na Eucaristia é o modo de cultivar a terra do nosso coração. Não há outro modo, se queremos conhecer A Palavra, devemos dedicar tempo e esforço na relação com Ela. Só conheceremos esta Palavra que é Jesus, se nos dispormos a conviver com ele, conversando pela oração, o escutando pela Escritura e nos transformando pela Eucaristia. Só assim conheceremos a força da Palavra que é “viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”. (Hb 4, 12-13)

Pe. João Vítor Freitas dos Santos 

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