Estimados irmãos e irmãs, neste Domingo celebramos a solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja. Ambos foram martirizados em Roma por volta no ano 67. O Papa é sucessor tanto de Pedro, que foi o primeiro bispo da diocese de Roma, como também de Paulo. Por isso, esta solenidade, ao celebrar os Apóstolos, recorda o ministério petrino e paulino exercido hoje por Sua Santidade Francisco. Mas, o que estes santos tem a ensinar à Igreja e no que eles nos ajudam a entender o ministério do Papa? Vejamos um breve perfil de cada apóstolo:
Pedro era um rude pescador e, junto ao seu irmão André, está entre os primeiros escolhidos de Jesus. Foi testemunha ocular de toda a vida pública, paixão, morte e ressurreição do Senhor. Tinha um temperamento forte e corajoso, mas também demonstrou medo e inconstância várias vezes. Após a ressurreição, exercendo o ministério confiado a ele por Jesus como a pedra sobre a qual estava edificada Sua Igreja, demonstrou apreço ao cultivo de tradições judaicas dentro do cristianismo, o que dificultava a adesão dos pagãos à fé. Mas era reconhecida e respeitada sua autoridade entre os cristãos.
Paulo era um fariseu fanático, um judeu culto e com cidadania romana, o que permitia a ele contato com diversas culturas. Era perseguidor dos cristãos e assistiu ao martírio de Estevão. Sua conversão se deu a caminho de Damasco, quando o Senhor perguntou-lhe por que o perseguia. Paulo dá-se conta de sua cegueira e só volta a ver a luz no dia do seu batismo. Mesmo com uma inicial resistência da comunidade à sua pessoa, por todo o mal feito, foi ganhando confiança e apreço dos cristãos. Paulo tinha a visão de que o cristianismo tinha de superar algumas tradições judaicas para que a fé chagasse aos pagãos.
Como podemos perceber, Pedro e Paulo tinham histórias muito diferentes, vocações diferentes, visões de mundo e de vivência da fé diferentes, que num primeiro momento diríamos que são inconciliáveis. Mas aqui está a beleza da santidade destes apóstolos, mesmos com suas ideias diferentes, estavam abertos à mesma fé, ao mesmo Espírito que verdadeiramente conduz e guia a Igreja. Pedro e Paulo dão testemunho de que a Igreja é formada por diferenças e que elas não são ruins quando o nosso objetivo é a vivência autêntica da fé e a evangelização. Estes santos nos mostram que existe uma legítima diversidade na Igreja e espaço para contrários desde que não naquilo que é essencial, mas que a unidade e o bem de toda a Igreja deve estar acima de nossas concepções pessoais.
Pedro e Paulo muitas vezes discordaram, mas tiveram
coragem de trilhar o caminho da conciliação, como nos é narrado nos Atos dos Apóstolos
o “concílio de Jerusalém”. A exemplo deste, a Igreja já celebrou 21 Concílios
Ecumênicos ao longo de sua história, justamente para debater ideias contrárias
e encontrar o caminho da unidade pela fé. E aqui está o sentido do ministério
do Papa, o de ser sinal visível da unidade, da comunhão na fé e na caridade da
Igreja, ao mesmo tempo que tenta comunicar esta mesma fé imutável em cada tempo
e realidade. Este é o ministério petrino e paulino exercido hoje por Francisco:
o de guardar a tradição recebida, à semelhança de Pedro; e comunicar a fé na
cultura hodierna, à semelhança de Paulo. Rezemos pelo Papa nesta difícil e
fundamental missão na Igreja.
Pe. João
Vítor Freitas dos Santos
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