“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55, 8). Aqui está uma importante verdade para nossa vida cristã: Deus não é aquilo que eu penso Dele, mas é aquilo que É e cabe a nós acolhê-lo. Os pensamentos e os caminhos de Deus superam os nossos, pois são perfeitos. Nós enxergamos e pensamos de um modo limitado pela imperfeição da natureza humana, mas Deus não tem limite, pois conhece todas as coisas e seus juízos são perfeitos. Por isso é também difícil compreender quais são os desígnios, os caminhos e os pensamentos de Deus. É necessário passar por um processo chamado “Metanoia”. O que isto significa?
O Apóstolo Paulo na segunda leitura (Rm 12, 1-2) nos ensina: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Esta renovação da maneira de pensar é chamada de Metanoia (do verbo grego antigo μετανοεῖν = 'além', 'depois' e νοῦς = 'pensamento', 'intelecto'), no sentido original, significa mudar o próprio pensamento. São Paulo usou esta expressão nesta citação no sentido de conformar o nosso pensamento ao pensamento de Deus em um processo de conversão.
No Evangelho (Mt, 16, 21-27) Jesus revela Seus caminhos e pensamentos, nos quais “deveria ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos [...] que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Pedro partindo de seu pensamento humano afirmou: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca aconteça!” Pedro não percebeu, mas estava indo contra a vontade, os pensamentos e os caminhos de Deus. Por isso Jesus foi duro ao dizer a Pedro: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!” Jesus compara Pedro a Satanás porque ele também é um inimigo de Sua vontade e o chama de “pedra de tropeço”, a mesma pedra na qual está edificada a Igreja, conforme escutamos no Evangelho do Domingo passado.
O que isto nos ensina? Que quando realizamos uma “Metanoia” em nossa vida, passamos a pensar, julgar e distinguir segundo os pensamentos de Deus. Só assim poderemos participar de Sua missão carregando também nós a cruz e renunciando a nós mesmos. Esta missão não é compreensível na lógica humana, mas na lógica de Deus sim. A escolha é nossa: permanecer nos nossos pensamos nos tornando “pedra de tropeço” ou aceitando a revelação e mudando nosso pensamento (Metanoia).
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