A VIDA ETERNA

A Igreja, neste domingo, celebra a solenidade de todos os santos, aqueles que são conhecidos por nós, os canonizados (reconhecimento público) ou aqueles de quem só Deus conhece a santidade. Neste dia nos recordamos que a Igreja é santa e sua missão no mundo é santificar pela pregação da palavra de Deus e a administração dos sacramentos. Todos os cristãos são chamados à santidade, que nada mais é que a própria vontade de Deus para cada um de nós (Cf. Lumen Gentium, n. 39). Então, esta solenidade antecipa nosso futuro, a alegria que é a comunhão plena e definitiva com Deus, que o evangelho chama de “bem-aventurança”. Reunidos neste dia prefiguramos a profecia do livro do Apocalipse (cap. 7, 9-10): “Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos. Todos proclamavam com voz forte: A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”.  

 Na segunda-feira celebramos a comemoração dos fiéis defuntos. Dia em que lembramos com carinho dos nossos falecidos, oferecendo-lhes nossa oração e partilhando entre nós a fé na vida eterna e ressurreição. Lembramos que somos chamados a associar-nos à paixão e morte do Senhor, para que possamos participar de Sua glória. É a celebração da esperança, como nos ensina Jó (19, 25-26): “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus”.  Por causa desta esperança em ver o Senhor é que devemos estar preparados para sua chegada, ou nossa partida para esta morada definitiva. A morte é uma triste realidade, mas já foi vencida por Cristo, e nós a venceremos por estarmos associados a Ele.

Estas duas celebrações nos falam de nosso destino e meta. A morte é o destino de cada um de nós, pois ninguém pode escapar dela. Mas, ao mesmo tempo, ela nos aponta para a meta da nossa existência, que é a comunhão plena e feliz com Deus, que chamamos de santidade. Deus nos chama à santidade nesta vida, que será coroada no céu. Por isso, sem querer “maquiar a morte” (pois realmente é um difícil momento), ela é para nós, cristãos, um novo nascimento. Sobre este destino e meta soube escrever com beleza poética Santa Teresa de Jesus: “Vivo já fora de mim, desde que morro d’Amor, porque vivo no Senhor que me escolheu para Si. Quando o coração Lhe dei, com terno amor lhe gravei: que morro porque não morro. [...] Do Alto, aquela vida que é a vida prometida, até que seja perdida não se tem, estando viva; morte, não sejas esquiva; vem depressa em meu socorro, que morro porque não morro. Que triste é, sem Ti, ó meu Deus, viver! Ansiosa por ver-Te, desejo morrer”.

Pe. João Vítor Freitas dos Santos